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Hands on

jan

26

2021

Intraempreendedores são agentes de mudança, inovadores e dispostos a assumir riscos

Intraempreendedorismo: saiba como seu time pode ajudar a reinventar o seu negócio

O novo ainda é incerto e volátil, mas, de uma coisa temos certeza: precisamos nos preparar rapidamente para os contextos de negócios que estão surgindo. A pandemia da Covid-19 fez com que as empresas tivessem que tirar do papel ideias de produtos e serviços que, em outro cenário, levariam de três a cinco anos para acontecer. Não redescobrimos a roda, mas amadurecemos na transição do mundo analógico para o digital e, dentro desta realidade, estamos encontrando um equilíbrio, e descobrindo que a nossa vida e as empresas atuarão cada vez mais no modelo híbrido.

Esse não é um processo trivial, pois exige dos empreendedores e executivos um modelo mental cada vez mais digital e uma atuação efetiva no caminho da inovação. Não adianta mais as empresas parecerem inovadoras, elas precisam ser, e preparar as suas bases de conhecimento, suas competências e capacidades para lidarem com esse novo cenário.

É aqui que começa o nosso desafio!

O processo de inovação é posto em prática por um conjunto de indivíduos dentro da empresa: departamentos de inovação, gestores ou mesmo funcionários com ideias com potencial inovador. É sobre esses últimos que o artigo irá tratar.

O intraempreendedorismo tem recebido crescente atenção no contexto empresarial (sem falar no acadêmico, mas isso já é outra história) nos últimos anos, mas foi em 2020 que vimos essa prática começar a ser melhor explorada pelas corporações. E é fácil entender o motivo. 

As empresas são feitas por pessoas, o que as torna um ser vivo, pulsante e com um imenso arsenal de talentos a serem lapidados. Os colaboradores, em geral, são profundos conhecedores das forças e das fraquezas da operação, por vivenciarem intensamente essa realidade todos os dias.  Em tempos de Covid-19, que levou a uma das mais intensas e profundas redefinições dos negócios da história, poder contar com esses recursos internos para a construção do novo se tornou um grande diferencial.

Não é um processo simples, mas vamos esclarecer como funcionam os programas de intraempreendedorismo e os seus benefícios para as empresas.

Mas e aí, o que é intraempreendedorismo?

O termo é extenso mesmo, acostume-se! Nesse caso, o intra representa “interno, dentro da empresa” e empreendedorismo corresponde ao“ato ou atitude de empreender, de iniciar algo novo, de fazer diferente”.

O intraempreendedorismo, então, diz respeito à implementação, por funcionários, de inovações dentro da empresa. Esse processo, pelos aspectos comportamentais dos envolvidos, acaba gerando uma mudança organizacional na qual os indivíduos se comportam como líderes, gestores, que assumem responsabilidades como se donos de empresas fossem.

Isso é fundamental, pois existe um potencial humano criativo, muitas vezes, oculto dentro das organizações. Nos focamos em contratar engenheiros, administradores e designers, e os encarregamos de realizar tarefas determinadas dentro de projetos específicos. Fazemos o possível para ocupar 100% do seu tempo com atividades e tarefas de rotina. Não damos tempo a eles para pensar, muito menos para propor coisas novas. Quando damos esse espaço, adivinhem: “Que ideia doida fulano! Acorda! Em que mundo você vive?” ou, então, ouvimos um “Nossa, sua ideia é muito legal, mas está um pouco longe da nossa realidade”.

Por que isso acontece? Já pararam para pensar?

De forma bastante simples e, sem entrar em academicismos, é o gap que existe entre o que a empresa espera do funcionário e o real preparo do mesmo para o pensar diferente.

Isso quer dizer, em poucas palavras, que as empresas em geral não organizam um processo específico para capacitar funcionários a entregar o resultado que elas mesmas esperam. Ou os funcionários ficam muito abaixo do que a empresa espera ou vão longe demais para a realidade do seu negócio. Complexo, não? 

Aliás, se no seu dia a dia você sente que o mais seguro é não falar nada e seguir sua rotina, talvez a sua empresa não tenha um programa de intraempreendedorismo devidamente organizado para lhe ouvir e orientar como você pode apoiá-la com novas ideias.

E não deveria ser assim. As empresas são uma “coleção de recursos”, pois seus diversos funcionários reúnem habilidades técnicas, criativas, e de conhecimentos diversos que podem, quando devidamente orientados, produzir resultados surpreendentes. No intraempreendedorismo, o funcionário assume um papel de protagonismo, pois ele possui uma motivação natural, intrínseca, um desejo de realizar e de pôr em prática a sua visão de mudança, de melhoria, de fazer diferente, embora, muitas vezes falte a ele (e até à corporação) a visão de como gerar resultados com isso, principalmente financeiros.

Uma visão bastante aceita de intraempreendedorismo é de que ele “é uma ferramenta de mudança para funcionários que desejam realizar sua visão empreendedora”. A isso agrega-se um aumento na competitividade, seja por meio da criação de novos negócios, no desenvolvimento de produtos e serviços, tecnologias, estratégias e posturas competitivas. A empresa ganha, com isso, além de indivíduos mais capacitados, autônomos e líderes de mudança internos, um processo de renovação organizacional, com maior disposição ao risco, proatividade e postura mais agressiva de mercado.

Mas, o que de fato leva o intraempreendedorismo a tomar forma em uma corporação? Para responder a essa pergunta, antes temos que saber o que intraempreendedorismo não é.

Primeiramente, é importante destacar que ele não é um processo aleatório, que ocorre ao acaso. Embora existam, sim, fatores que nem sempre são controláveis, os resultados de um processo de intraempreendedorismo são bastante previsíveis e orientados a objetivos e resultados.

Um segundo fato que merece ser esclarecido é que o intraempreendedorismo não é determinístico, às vezes expresso por frases como: minha empresa não tem a sorte de ter funcionários engajados e criativos, então, não tenho o que fazer a respeito. Ora, os programas de intraempreendedorismo são estruturados justamente para desafiar o status quo, por meio do qual os funcionários desenvolvem e adquirem uma série de habilidades e comportamentos. Apoiamos, inclusive, o setor de recursos humanos nesse aspecto, já que esse tem sido um “admirável mundo novo” em termos de desenvolvimento humano.

O intraempreendedorismo também não é uma atividade de curto prazo, que ocorre uma única vez. Muito pelo contrário, sugere-se que faça parte da rotina da empresa e, portanto, seja bem estruturado em termos de objetivos. Sabe-se também que os processos existentes não mudam de um dia para outro, por isso, é tão importante que programas como esse sejam realizados com planejamento, alinhado aos objetivos estratégicos da organização.

Agora, sabendo o que o intraempreendedorismo não é, torna-se mais fácil explicar  como o mesmo toma forma em uma corporação. Programas de intraempreendedorismo podem iniciar como simples programas de melhorias nos quais os funcionários direcionam suas ideias. Mas, atenção, se o funcionário não perceber sua ideia sendo implementada no curto prazo, ele poderá perder a motivação para continuar contribuindo, pois entenderá que nada irá acontecer.

Um formato intermediário é representado por empresas que possuem programas de ideias, que são implementadas e representam, em grande parte, melhorias de processo.

No entanto, o formato mais desejado de programa consiste justamente em receber, dos funcionários, ideias disruptivas e inovadoras para o negócio. Este formato, no entanto, por vezes está aquém das competências da própria organização, sendo mais adequado recorrer a um conhecimento especializado para implementá-lo. Principalmente, porque requer vivência e conhecimentos específicos sobre inovação (do ponto de vista da economia, administração, engenharia, design, comunicação, tecnologia da informação), empreendedorismo, comportamento e motivações empreendedoras, gestão da inovação, ambientes de inovação e mais uma série de temas que poderiam encher uma página.

Não falo aqui de cursos de final de semana, ou imersões promissoras e transformadoras de uma semana no Vale do Silício. Aliás, morei lá meio ano, e adivinhem: o todo é maior e mais complexo que a soma das partes! Ou seja, uma imersão, embora tenha uma grande relevância pelo cunho cultural e de sensibilização, não vai fazer de você um expert conhecedor da dinâmica de inovação e não é o suficiente para reinventar ou redesenhar o seu negócio. Sinto desapontá-lo, caro leitor.

Mas, de volta ao tema principal. Um programa de intraempreendedorismo é uma via de mão dupla: se a empresa espera do funcionário ideias disruptivas, precisa dar a ele certa autonomia e liberdade para implementá-las.

Isso é bom ou ruim?  Depende do perfil da corporação que estamos falando. Se a visão de futuro desta operação está baseada em pessoas que apenas saibam executar tarefas, então o intraempreendedorismo realmente não é para essa empresa! Agora, ao que tudo indica, a maior parte das corporações continuará demandando pessoas criativas e que saibam trabalhar em equipe, apoiando diferentes times e squads na solução de desafios. Neste caso, dar autonomia a intraempreendedores nos parece o melhor dos problemas!

Nós, da GROW+, temos apoiado diversas empresas que estão preparando seus funcionários para atuarem com maior autonomia. São pessoas altamente capacitadas tecnicamente e apenas carecem dos métodos adequados, de mentorias e de um olhar de negócios para esse tema que nós, naturalmente, temos. Claro, alguns empurrões sempre ajudam para que as entregas ocorram no prazo, mas o know-how já existe dentro da organização!

Essa é a maior riqueza do programa de intraempreendedorismo: revelar para a empresa o enorme potencial humano e criativo que ela já possui, mas que, às vezes, carece do método e das ferramentas certas para colocar alcançar os objetivos.

Mas, quais são as condições para que os programas de intraempreendedorismo ocorram de forma estruturada, e não ao acaso? Vamos começar falando das características dos indivíduos mais importantes nesse processo: os intraempreendedores. Assim você saberá reconhecê-los na sua empresa.

Quem são os intraempreendedores?

Um intraempreendedor é um funcionário de uma empresa, que possui determinadas responsabilidades e atribuições. No entanto, existem aspectos comportamentais que chamam a atenção nesses indivíduos. Um intraemprendedor é um agente de mudanças, e tem como característica a proatividade para dar início a mudanças. São indivíduos que não respondem às circunstâncias, mas atuam sobre elas, modificando-as e moldando-as, sendo incansáveis, determinados e persistentes em seus objetivos. Lembrou de algum funcionário assim?

Caracteristicas dos intraempreendedores

Além disso, esses indivíduos são motivados pela solução de desafios, demonstrando habilidades e comportamentos estratégicos, motivados pela exploração de oportunidades de negócio. Geralmente, é esse mesmo funcionário que implementa a própria ideia, apesar das dificuldades encontradas durante o processo, assumindo riscos. Ele pode fazer isso individualmente ou mesmo com um grupo de pessoas.

Intraempreendedores são agentes de mudança, inovadores, pessoas com comportamento criativo, que assumem riscos em função de conhecimentos a mais que possuem sobre determinada área de conhecimento e atuação. Cabe dizer que a motivação inicial que leva o funcionário a empreender dentro da empresa é o inconformismo com o status quo(a forma como as coisas são feitas ou estão).

Como já exploramos as características dos indivíduos que são relevantes para um programa de intraempreendedorismo, agora vale falar sobre o contexto adequado para que ele ocorra. Elencamos, a seguir, algumas ações a serem tomadas pela gestão da empresa.

O papel da gestão no intraempreendedorismo

Nossa experiência e atuação executando programas de intraempreendedorismo nos permite destacar três principais papéis da gestão em um programa de intraempreendedorismo:

1) a definição da estratégia do processo de inovação (e, muitas vezes, seu desdobramento para o programa de intraempreendedorismo);

2) comprometimento para a criação de uma cultura inovadora a longo prazo dentro da empresa;

3) apoio na definição e revisão de eventuais fluxos e processos vigentes.

Além destes, citam-se outros papéis da gestão que consideramos relevantes, com base na experiência de execução de programas de intraempreendedorismo realizados pela GROW+:

  • Indicar as diretrizes para as quais as empresas desejam a contribuição dos funcionários, fornecendo orientação;
  • Estabelecer os critérios e reconhecimentos pela contribuição. Isso não envolve controlar o comportamento inovador do funcionário, mas identificar os estímulos que melhor tenham aderência aos desafios propostos tendo em vista sua relevância para a aderência a esse tipo de programa;
  • Definir as regras para a implementação da ideia e da participação do funcionário;
  • Fornecer sponsors, ou seja, pessoas que apoiem a equipe ou o empreendedor em seus diferentes momentos da trajetória empreendedora;
  • Definir um orçamento para ser alocado nas ideias que serão testadas;
  • Antes de iniciar um programa de intraempreendedorismo, realizar algumas iniciativas de sensibilização, como hackathons e workshops, cujos resultados servirão de input para o programa.

Depois de tudo isso você, eventualmente, deve estar se perguntando: ok, mas e o que a minha empresa pode ganhar com isso? Bom, convido você a conferir abaixo quais os resultados sua empresa pode gerar adotando um programa de intraempreendedorismo.

Resultados do intraempreendedorismo

Os resultados de programas de intraempreendedorismo podem ser altíssimos, sendo variáveis de acordo com o nível de maturidade da própria empresa em relação à inovação. Esses resultados envolvem desde a capacitação de indivíduos com vistas à adoção de uma postura de liderança, autonomia, protagonismo a otimização de processos à criação, desenvolvimento e teste de novos produtos e serviços.

Resultados do intraempreendedorismo

Há casos, também frequentes, de funcionários que criam unidades de negócios inteiramente novas na empresa, explorando novos mercados e gerando novas fontes de receita para a empresa. Não raro, ainda, o projeto pode adquirir tamanha importância a ponto de criar uma identidade e CNPJ próprios. São as chamadas spin-offs: novas empresas criadas a partir de um negócio e empresa já existentes, mas que surge com identidade própria a fim de explorar com maior independência uma oportunidade de mercado identificada.

Além destes, alguns dos resultados observados em programas executados pela GROW+ envolvem ainda:

  • Criação de novas unidades de negócio dentro da empresa. Este é o caso de um projeto de intraempreendedorismo realizado pela GROW+, no setor de energia, na qual o empreendedor foi o responsável pela criação de uma nova área de negócios na empresa.
  • Ampliação do mercado de atuação da empresa. Mais da metade dos projetos acompanhados pela GROW+ tende a ser desenvolvido em áreas afins ou distintas do core business da empresa. Ou seja, ideias de funcionários podem ser altamente disruptivas;
  • Ganhos expressivos de segurança dos funcionários, resultando em maior qualidade do trabalho e, consequentemente, melhores resultados financeiros para a empresa. Um dos casos de destaque de intraempreendedorismo gerenciados pela GROW+ foi o de um funcionário que desenvolveu e aprovou um projeto junto a órgãos federais com valores acima de R$ 5 milhões, já no final do programa;
  • Aumento da receita e redução de custos. Os projetos desenvolvidos por intraempreendedores de uma instituição da área financeira, por exemplo, apresentaram o potencial imediato de aumentar o faturamento da empresa em até 5%, além de reduzir os custos operacionais da empresa.

Sem dúvida, todas as empresas desejam obter resultados como estes, lançar novos produtos e destacar-se da concorrência, reinventando-se. Se a sua empresa não sabe por onde começar, certamente um bom ponto de partida é buscar o apoio de especialistas no tema.

Andréia Dullius Verschoore, Head de Inovação da Grow+

Andréia Dullius Verschoore, Head de Inovação da Grow+

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